Durante décadas, a Apple foi sinônimo de disrupção. Sob a liderança de Steve Jobs e, depois, Tim Cook, criou tendências, quebrou paradigmas e construiu um ecossistema admirado pela excelência em design, integração e experiência do usuário.
Mas a WWDC 2025, evento anual voltado para desenvolvedores, nos deixou uma sensação diferente: será que estamos testemunhando uma transição de protagonismo no setor de tecnologia?
O que foi apresentado no iOS 26?
O iOS 26 traz uma série de novidades que, embora úteis, soam familiares para quem acompanha o ecossistema Android. Entre elas:
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Triagem automática de chamadas por IA (a assistente atende, pergunta quem fala e o motivo, e você decide se quer atender ou não);
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Tradução em tempo real durante chamadas (mas ainda com delay e sem áudio contínuo);
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Monitoramento automático de chamadas em espera;
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Sugestões inteligentes com base no conteúdo da tela;
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Interface da câmera mais simples e intuitiva, em estilo semelhante aos dispositivos Pixel;
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Modo de Potência Adaptável, melhorias em widgets, mapas e fotos.
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São bons recursos. Mas não são disruptivos. E o mais curioso: muitos deles já existem no Android há anos.
O que isso revela sobre a Apple?
1. Inovar nem sempre é criar do zero
A Apple sabe como ninguém transformar o que já existe em algo mais usável, bonito e integrado. E sim, isso é uma forma válida e eficaz de inovar.
Mas quando essa adaptação parece defensiva, e não estratégica, o sinal de alerta acende.
2. A liderança em Inteligência Artificial está em jogo
Essa era a grande expectativa para a WWDC 2025: uma virada em IA.
Mas, na prática, vimos apenas passos tímidos. Nada próximo do que Google, Microsoft e até a Meta têm mostrado.
A Apple investiu cedo em IA, adquirindo várias startups. Mas demorou para entregar valor prático. Enquanto isso:
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A Microsoft avança com o Copilot em toda sua suíte de produtividade;
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O Google integra o Gemini a serviços de busca, documentos e dispositivos Android;
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A OpenAI caminha para experiências auditivas conversacionais em tempo real.
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E a Apple? Ainda está limitada a respostas com delay e funcionalidades sem grande diferencial.
Sinais de desgaste e reação do mercado
Um dos maiores exemplos disso foi o Apple Vision Pro. Anunciado com alarde como um divisor de águas, o produto já teve sua produção pausada. Resultado?
As ações da Apple caíram cerca de 19% desde o início do ano, uma das maiores quedas entre as big techs em 2025.
O mercado parece estar dizendo: “Esperávamos mais.”
O futuro não é mais apenas móvel, é perceptivo
A tecnologia caminha para além das telas. A nova geração de dispositivos deve envolver óculos, fones e interfaces auditivas e visuais, com inteligência contextual.
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A Meta anunciou o V-JEPA, que ensina robôs a realizar tarefas como dobrar roupas a partir de vídeos.
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A startup YVI desenvolveu um computador auditivo, que funciona por voz e geolocalização com IA integrada.
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A OpenAI testa interações naturais sem tela, com respostas em tempo real.
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Enquanto isso, a Apple ainda fala de iPhone e iPad.
O que aprendemos com tudo isso?
Mesmo sem perder sua força, a Apple precisa redefinir sua narrativa. A experiência de usuário ainda é seu maior trunfo. Mas isso, sozinho, não sustenta a liderança em um mercado que se move rápido e de forma exponencial.
Aqui vão algumas lições valiosas dessa movimentação:
✅ Inovação não é só criar, é saber o momento de entregar
✅ Ter um ecossistema forte ajuda, mas não basta
✅ A IA é o novo campo de batalha e quem lidera tem vantagem estratégica
✅ Empresas de software estão virando hardware players e vice-versa
✅ A próxima revolução pode não vir da Apple e ela precisa estar pronta para reagir
A WWDC 2025 nos deixou um sinal claro: o setor está mudando de eixo.
A Apple ainda tem uma base fiel, uma marca sólida e um ecossistema robusto. Mas, em termos de inovação em IA e protagonismo no hardware do futuro, ela parece estar ficando para trás.
A pergunta que fica é:
➡️ Será que a Apple está guardando sua próxima jogada?
➡️ Ou estamos presenciando o início de uma nova era, com novos protagonistas tecnológicos?